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thefallenangel

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19.05.05

Fragmento 19 - Caminho


Angel-of-Death

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Por vezes a vida parece passar-me ao lado, mas quando páro para pensar nisso, vejo que não, é o mundo, o mundo é que muitas vezes passa por mim sem eu dar conta, passa e pára, como numa paragem de autocarro, mas eu não subo, prefiro viver no meu proprio mundo e não no de todos, ou da grande maioria, fujo da confusão, do barulho, do stress que nos consome dia após dia, até nos levar a loucura, ou à perda de vontade própria, em qualquer dos casos, rouba-nos a nossa identidade, passamos a ser só mais um, no meio de milhões, mais um autómato, mais um que deixará de pensar e começará a fazer tudo por reflexo, por hábito e não por vontade própria.
Loucura que nos rouba a alma, que nos deixa ocos, sem sentimentos até, ou com sentimentos programados, que não são os nossos, mas que nos são incutidos pela sociedade decadente e hostil em que vivemos, que nos ensina a odiar, a amar e sei lá mais o quê, mas pelas razões erradas, sem instinto, sem verdade no sentir, só agarrados a ideais idiotas, pensados por pessoas ainda mais estupidas do que aqueles que os seguem, parecendo um rebanho de carneirinhos, atrás do pastor, que sem saberem é o lobo mau disfarçado.
Porque lutamos tanto pela liberdade de pensar, de falar, de agir, se nos singimos só a uma ideia, um pensamento, as mesma palavras, os mesmos gestos, a mesma raiva de nós mesmos, raiva da estupidez de sermos animais racionais e sem razão nenhuma, tão ignorantes e estupidos que não conseguimos pensar sozinhos, só com a maioria, pela maioria, a máxima democrática, que mesmo não sendo usada em todos os países do mundo, vive em todas as mentes, todos seguem as massas, seguem até ao fim, sem olhar para trás, nem mesmo quando perto do precipicio, sempre tomando a direcção politicamente correcta, sem pensar, sem pesar, sem alma, com a consciência tranquila de quem tem somente ar na cabeça e por isso não pode ter consciencia, nem tomar responsabilidade pelos proprios actos.
Mas como em tudo, alguns escolhem ser assim por ser mais cómodo, mais confortável não ter de pensar, de agir, e depois ter de sentir remorsos ou culpas, assim escolhem culpar a sociedade. Outros simplesmente não têm inteligencia suficiente para escolher e mal nascem, são devorados pelas massas e recrutados de imediato para o exercito dos vegetais, não mais saindo de lá. Mas há os que escolhem não apanhar o autocarro, decidem que há mais a ser feito do que so vegetar, seguir exemplos em vez de os criar, pensar, usar a nossa liberdade para de facto exercer uma escolha, uma escolha de vida, de alegria, de tristeza, mas em que todos os caminhos nos sao mostrados pelo destino e seguimos aqueles que entendermos, por nossa vontade, certa ou errada a escolha é nossa, sem interferencia da sociedade em que vivemos, sem influencia que não seja unicamente vinda da nossa vontade, mesmo que muitas vezes a nossa loucura seja criticada, perseguida, incompreendida, ás vezes até banida. Banida por loucos, ainda mais loucos do que eu, ou do que quem escolhe ser como eu.
Mas cada um tem o direito de escolher, e como diz a expressao, já não sei se inglesa ou americana, “everybody is a critic”, toda a gente é um critico, ou seja, toda a gente tem algo a dizer sobre o nosso comportamento, mesmo que não o digam, pensam, e calam-se, o que é bem pior, roem por dentro de raiva, por não terem a coragem de falar frente a frente, conspiram, dizem mal pelas costas, invejosos, vingativos, por motivos que só eles conhecem, frios, calculistas, pessoas mesquinhas que mais não têm da vida, do que o prazer de falar dos outros, com ou sem motivo, disfarçadamente ou não, levam as suas vidas em redor dessa vergonha de si proprios, dessa vontade de falar mal, porque no fundo, muitos queriam ser eu, muitos têm inveja de não terem coragem de admitir que sao diferentes, que pensam diferente, não conseguem fazer frente aos preconceitos, aos rótulos, mas a culpa é inteiramente deles, não é preciso coragem, só contade de viver, e se viver implica quebrar barreiras morais ou ir contra conceitos pré-definidos, que assim seja...

By:Angel-of-Death
In: "O espelho e eu"

02.05.05

Fragmento 18 - Quem é?...


Angel-of-Death

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Vozes do passado ecoam na minha memória, espíritos, seres que já não existem, ou pelo menos não como eu os recordo, deformados pela vida, pelos sentimentos, pela paixão, alguns até deformados pelos meus actos impensados, pela minha despreocupação, pelo meu amor pela vida, porque claro, cada um ama à sua maneira e é essa individualidade que nos faz ser tão iguais e tão diferentes, iguias nos sentimentos gerados, diferentes na maneira de os sentir.
Mas eles perseguem-me, como uma maldição, que não me larga onde quer que vá, atormentando os meus sonhos, os meus pensamentos e os meus actos, como que lembrando-me que não devo voltar a errar.
São tantas as coisas que me passam pela cabeça, longos dias, quase intermináveis, sem fim, pensamentos que teimo em não ouvir, vozes que que teimo em não pensar, mas tudo recomeça e acaba num ciclo vicioso, num vai e vem de sensações contraditorias, de palavras a mais que nunca foram ditas.
Correntes param à minha passagem, mares de gentes, vegetando no prado da vida, sem rumo, sem sorte, sem vontade de ser mais, de realmente ser alguém, de viver, de pensar, percorrem esse prado sem destino, ou com ele já traçado, não são mais do que espectadores, dentro do seu proprio filme, cegos entre jogadoes surdos e mudos,que simplesmente os ignoram porque não os podem entender, passam ao lado da vida sem nunca dar por ela, decidem não perder tempo com a vida, sobreviver à espera do derradeiro final, e se um dia, numa possível vida espiritual, lhes perguntarem como foi a passagem pela terra, não irão saber o que responder, nem que terra era essa.
Abomino essa forma de pensar, mas compreendo porém, que é direito de cada um, tomar o seu caminho, escolher a sua sorte, só não suporto quando se queixam, quando acham que a vida não lhes foi propícia, e não se lembram que a escolha foi inteiramente deles.
Quem podem culpar, Deus? Qual Deus?...


By: Angel-of-Death
In: "O espelho e eu"