27.09.05
Fragmento 33 - Como te faço mal
Angel-of-Death
Às vezes gostava de não sentir mais nada, de não me preocupar, era tudo tão mais fácil, parecia tudo tão fácil, era um caso simples, nunca dveria ter sido assim, não era suposto ser assim, agora que tudo deveria estar bem, só te faço mal, só te magoo, só faço aquilo que não devia, mas não o consigo evitar. Parece-me lógico, nunca começamos bem, tería mesmo de acabar assim, ou até pior, sei lá, mesmo eu sabendo que não quero que tudo termine, era o caminho mais simples a seguir, o mais sensato até, o mais correcto seria eu nunca ter aparecido na tua vida, não te ter feito feliz, não te ter feito um cem numero de coisas de que não me arrependo, porque não posso, fui feliz contigo e não posso dizer que não o sou ainda, mas eu sempre quis muito mais, sempre me soube a pouco, quero sempre o mundo inteiro e nao consigo ter nada, nem a mim próprio.
Sei que não é fácil sentires o meu olhar, veres o meu sorriso e até estar comigo e ser minha amiga, mas como queres que me afaste de ti? Não sabes tambem, nem nunca pensas, que eu tambem sinto, que a mim tambem me doi, porque não é por fazer asneiras ou querer parecer forte, não é por fazer cara de mau que os sentimentos se vão embora. Não sou insensível nem nenhum monstro, nem tão pouco sou correcto, sou humano, tenho falhas, tambem eu preciso de compreensão, de carinho, mas nem sempre sei dá-lo, nem procurá-lo, não sou pessoa de expor os meus sentimentos, não sei nem consigo fazê-lo, sou demasiado fechado e sinto-me muitas vezes culpado, de tudo o que está a acontecer.
Não sei mesmo porque te faço mal, mas faço e continuo a fazer, até sem saber, muitas vezes sem querer, quase sempre sem perceber o que sinto por ti. Não te quero perto e sinto a tua falta, como já senti e as vezes sinto dela, sim, ela, que durante tanto tempo absorveu todo o meu tempo, sim ela, que durante meses, que pareciam intermináveis, me fez repensar as minhas amizades, deixar os meus amigos, ela que foi tão importante, que nem me importei, sim ela, que não soube ser quem era, que não soube ver quem eu era, como tu não me ves agora, em parte porque eu nunca deixo, porque conhecer-me é tirar um pedaço de mim, é deixar-me vulnerável, de peito aberto a espera de ser apunhalado, sim, como já fui, como não voltarei a ser, e por isso nao deixarei mais ninguém conhecer, o amor que há em mim.
Como te faço mal, faço-o a mim tambem, todos os dias da minha vida. Se vale a pena gostar de mim? Não sei, nunca vou ser eu a responder a isso, até porque fujo sempre. Mas sei sim, como te faço mal.
By: Angel-of-Death
In: "O Espelho e eu"